A plataforma ReBuild 17 surge no âmbito de um projeto financiado pelo mecanismo plurianual EEA Grants e visa a articulação de diferentes entidades envolvidas na valorização de resíduos, no sentido de se formarem cadeias de valor.
Esta nova ferramenta, disponível na Região Autónoma dos Açores, é o culminar do longo trabalho desenvolvido ao longo de mais de 2 anos do projeto ReBuild 17, promovido pelo Governo dos Açores, através do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), em parceria com a Direção Regional do Ambiente e Alterações Climáticas (DRAAC), a Fibrenamics via Centro Inovação de Produtos Materiais Avançados (CIMPA) e a empresa islandesa ReSource International.
O Rebuild 17 é um projeto que iniciou a 1 de setembro de 2020 e se desenvolveu ao longo de dois anos, propondo-se não só a consciencializar os envolvidos sobre os impactos, particularidades e potencialidades adjacentes à valorização dos resíduos produzidos em obra, através do seu reconhecimento como vantagem competitiva, mas também a promover e a divulgar sistemas de cooperação intrassectoriais, fomentando a troca de conhecimento e fortalecendo relações bilaterais.
O foco deste projeto foi a criação e desenvolvimento desta plataforma, para promover a articulação e participação de diferentes entidades no processo de valorização de resíduos de construção e demolição, concretizando-se na formação e consolidação das cadeias para a valorização dos resíduos produzidos em obra. O objetivo foi desenvolver um modelo sustentável de impulso à economia circular no setor da construção açoriano, passível de ser implementado noutras regiões, tirando partido das características e particularidades singulares da Região.
Cerca de metade de toda a utilização de recursos, e até 30-40% do consumo de energia e 19% das emissões, podem ser atribuídos à indústria da construção, o que a torna a indústria que mais gases de efeito estufa emite em todo o mundo. A construção desempenha um papel importante no que se refere a gerar economia circular.
Neste sentido, uma das atividades-chave da execução deste projeto, previu o estudo e caracterização dos resíduos mais significativos, produzidos na Região Autónoma dos Açores. Para tal, foi efetuada uma análise aos dados disponíveis na plataforma regional do Sistema Regional de Informação de Resíduos (SRIR), relativamente aos Resíduos de Construção e Demolição (RCD), a qual permitiu identificar os RCDs críticos e classificá-los de acordo com a sua categoria do código LER (Lista Europeia de Resíduos).
Esta análise conjuntamente com as reuniões efetuadas com os stakeholders da Região, permitiu verificar quais os RCDs encaminhados diretamente para aterro sem outra solução, tendo este, sido um dos critérios para a escolha dos resíduos a caracterizar, com vista à sua valorização no âmbito deste projeto. Assim, procedeu-se ao estudo das propriedades e desenvolvimento de fichas técnicas dos plásticos (PE; ABS; PP), madeira, vidro, misturas betuminosas, gesso cartonado e dos agregados reciclados.
Concluiu-se que, em detrimento das condições que este tipo de resíduos apresenta, é possível recorrer a soluções de valorização dos mesmos, que poderão culminar em novas matérias ou produtos a aplicar na mesma obra, ou atribuir-lhe outra finalidade. Para tal, é necessário perceber como o fazer e a quem recorrer, em cada situação e para cada resíduo, e é isso mesmo que esta plataforma pretende fazer.
A equipa ReBuild 17 tem vindo a reunir-se, desde o início deste projeto, com representantes de várias empresas operadoras e/ou produtoras de resíduos das diversas ilhas dos Açores, dando a conhecer o projeto, o propósito e os resultados esperados, e estabelecendo relações de cooperação e colaboração para o alcance do objetivo comum: impulsionar a circularidade dos resíduos.
Atendendo às especificidades da Região Autónoma dos Açores, a transição para um modelo de economia circular surge como uma necessidade evidente para a sustentabilidade ambiental e económica dos Açores.
Esperamos que a plataforma Rebuild 17, que visa agregar conhecimento e capacidade técnica, reunindo os intervenientes de uma cadeia de valor associada aos Resíduos de Construção e Demolição, possa servir como modelo a outras iniciativas orientadas para o desenvolvimento sustentável, capazes de conciliar o necessário crescimento económico a um menor consumo de recursos.
Após a criação de um novo perfil de utilizador, será possível introduzir na plataforma as quantidades e diferentes tipos de resíduos que deseja disponibilizar a outros utilizadores, encaminhar para operadores de resíduos, tratar e descontaminar ou selecionar um plano de valorização que irá transformar o resíduo num novo material ou produto, passível de ser reutilizado. Em qualquer uma das situações, a plataforma irá apresentar-lhe os contactos e perfis das empresas e entidades mais adequados a satisfazer as suas necessidades, sugerindo as diferentes fases pelas quais o resíduo poderá ter de passar antes de poder ser reutilizado (pré-tratamento, tratamento, encaminhamento, entre outras).
A plataforma ReBuild 17 disponibiliza-lhe uma área onde poderá introduzir as quantidades e tipos de resíduos que deseja adquirir para alguma finalidade pessoal e/ou profissional, sendo que poderá também procurar os resíduos introduzidos por outros utilizadores, consultando as condições em que se encontram, e entrar em contacto com os mesmos.
De carater dinâmico, esta área da plataforma é de acesso restrito a utilizadores previamente registados, sendo que permite a introdução e edição dos planos de prevenção e gestão de resíduos de construção e demolição. Através desta ferramenta é disponibilizado um sistema de monitorização das alterações realizadas ao mesmo (por exemplo, quem alterou, o que foi alterado e quem aprovou o plano), permitindo igualmente a comunicação entre os utilizadores envolvidos em cada plano, desde o dono da obra ao empreiteiro. Com este sistema, pretende-se que seja possível acompanhar o plano e a sua execução em tempo real, até ao final da obra a que se refere o plano introduzido.
Esta é uma presença online oficial do Governo dos Açores
Laboratório Regional de Engenharia Civil